sábado, 30 de abril de 2011

Um Sonho Descoberto





Finalmente um sábado à tarde de chuva, solidão, e música inspiradora.
Faz tanto tempo que eu queria voltar a escrever e não consegui.
Acho que encontrei o meu sonho, e ele parece tão óbvio.. eu quero ser escritora.
Quero mesmo, de verdade.
É estranho quando a gente encontra o sonho da gente, é uma sensação de euforia e ao mesmo tempo de impotência.
Parece uma frustração, mas ao mesmo tempo é um momento de encontro.
Quando eu terminei a faculdade, eu não sai de lá sentindo essa necessidade de começar a trabalhar e aplicar todos os conhecimento obtidos nesses quatro anos.
Eu não posso ter certeza, mas eu acredito que quando eu escolhi Jornalismo eu já pensava nisso. Só que eu não consegui entender bem o que a minha alma dizia, ou talvez nem a minha alma já soubesse disso.
Mas pela escolha, eu acredito que ela já soubesse pra onde estava indo. Só não sabia aonde iria parar.
Bom, finalizado esse caminho, eu descobri qual seria a minha parada.
E agora?
Pois é, agora eu terei de montar um plano infalível nº 6.464.654.674.852.484.879 e recomeçar o trajeto.
Acredito que a primeira parte seja a preparação, preciso ler. E ler muito. E escrever, escrever e escrever.
Preciso de um emprego estável, que me permita tempo de realizar o meu sonho.
E pensar em uma pós, e um mestrado, e um doutorado.
Nossa, é muita coisa. Devo começar agora mesmo, não há mais tempo.
Depois de descoberto o sonho, ele precisa ser vivido imediatamente, antes que ele se perca novamente.

Exatamente Igual


Faria tudo exatamente igual.
Seria um tolo deliberadamente seu.
Sem questionar a sua ausência, nem lamentar o seu silêncio.


Não sei se faz, diferença dizer, mas eu não vou desistir de você.
Desistir.


Fazer sorrir diariamente é o meu ideal.
Pensar um modo fantasticamente normal, de manter seu interesse, sem mudar minha aparência.
Nunca mais seremos os mesmos, por mais que a gente tente.


Não sei faz, diferença dizer, mas eu não vou desistir de você.
Desistir, de você.


Nenhum de Nós

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Quase é Tão Cheio de Tudo



Aquele que não foi amado é o que mais ama.
É o menino que nunca beijou, distraído na sala de aula, capaz de descobrir a direção do vento observando os pelos loiros do pescoço da colega.
É a menina que tem uma única dúvida: até quando devo estender a língua em outra boca? Sem pais, sem professores, sem amigos para perguntar uma coisa dessas.
É o jovem de topete, fingindo que não é virgem no recreio, mas que ainda dorme com o travesseiro entre as pernas.
É a jovem ruiva que se excita andando de bicicleta e engolindo vento.
É o velho na janela que somente conheceu putas.
É a velha vizinha dele que gostaria de ter sido puta.
Os tímidos, os feios, os recalcados, os lindos, os arredios, os brabos; fico pensando em quem silencia suas vontades para não incomodar e têm o silêncio cheio de tremores.
Aquele que ama sem ser amado é o que mais ama.
É a secretária louca pelo seu chefe e que passará a vida anotando recados da esposa dele (há o que confessa a verdade pelo ciúme, e o que guarda toda a verdade na inveja).
É o adolescente que pede para o ônibus encher e assim esbarrar na moça de colar de pérola (há o que consegue puxar conversa, há o que espera ser empurrado).
É o professor que teve uma única namorada e desvia o olhar dos casais se abraçando nas praças (há o que levanta a cabeça com orgulho, há o que baixa de tanto que deseja).
É a faxineira que cuida do vestido da patroa, prende no cabide e não se aguenta: coloca a peça sobre os seios rapidamente temendo que alguém entre (há o que exibe seu corpo, há o que se encolhe para receber outro corpo).
É a casada que anseia jantar uma noite fora para usar de novo o par de brincos do casamento. É o homem que não faz barba para esconder as acnes e as marcas da adolescência.
Ai, como dói quem espera amar. Quem dedica uma vida à disciplina da paciência, torcendo para o sexo melhorar o casamento, torcendo para o casamento melhorar o sexo, torcendo para que o marido não fique bêbado ao menos uma vez, torcendo para que a esposa não reclame ao menos uma vez, dormindo e esquecendo a tristeza, acordando e repondo a esperança, aqueles que resistem e talvez envelheçam sem completar seus sonhos, que respeitam as pequenas alegrias porque podem ser as únicas, que não decidiram se diminuem a expectativa para sair da solidão ou aumentam as exigências para justificá-la.


Como eu amo quem se importa em amar, apesar de tudo. Apesar de tudo.


(Fabrício Carpi Nejar)