quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Montanha russa.


Me sinto na fila de uma montanha russa. 
Encontrei essa frase do Tico Santa Cruz hoje de tarde. Claro, era exatamente isso que eu queria dizer.
Sabe quando você tá na fila do brinquedo esperando que cada segundo se torne uma eternidade, e que a sua vez não chegue nunca.
Mas ao mesmo tempo queria que chegasse de uma vez, que você vivesse todas as emoções de uma só vez, sem pesquisa prévia.
Você olha pro lado e fica pensando se aquelas pessoas estão sentindo a mesma coisa que você. Algumas sim, umas poucas estão nem aí, ou pelo menos tentam aparentar isso.
Você foi lá, comprou o ingresso, pagou o preço para estar ali. Numa caminhada demorada, de passo por passo vai chegando a sua vez. 
Então falta apenas um, e você já não sabe mais se é ali que você gostaria de estar. Talvez tivesse escolhido outro brinquedo, talvez nunca devesse ter vindo para o parque.
Mas é o que dizem: agora que você veio, precisa brincar.
Chega a sua vez, você até tenta ficar em uma cadeira do meio, talvez o impacto seja menor. Afinal você ainda não sabe se é do tipo que fica na 1ª cadeira ou na última. Por enquanto o meio está bom.
O cinto do brinquedo desce, e o monitor avisa: "se alguém quiser desistir, que faça agora."
Um.
Você pensa: "sim, eu quero!"
Dois.
Você repensa: "não, eu tenho que continuar!'
Três.
O cinto prende e pronto. Ele só vai ser solto quando chegar ao fim do caminho.
O brinquedo começa a andar, você escuta o som dos ferros.
O controle não é seu, você está dentro do brinquedo e não tem como sair. Não existe como pará-lo ou fazê-lo mudar de curso.
O seu único desejo é que exista um manobrista. Alguém que você não está conseguindo enxergar, mas que você sabe que está lá para qualquer emergência. Você precisa acreditar nisso, é o que te faz seguir em frente sem desmaiar.
O brinquedo sobe, sobe, sobe.. é uma subida sem fim. Mas você sabe o que acontece lá em cima.
Você prende a respiração.
O seu coração quer sair por qualquer orifício possível.
Você quer sair, pede pra parar, chora, faz o que for possível. Se arrepende.
Então o brinquedo cai, literalmente você cai em um abismo. 
Você só grita, um grito por tanto tempo contido de todas as maneiras possíveis. Mas agora não tem mais jeito, o brinquedo não pará mais.
O que você faz é gritar quando acha necessário, chorar quando não dá mais, e soltar urras de alegria. Por estar ali, por não ter desistido.
O brinquedo vai e vem, desce e sobe. Sempre o mesmo percurso previsivelmente incalculável. 
E talvez depois de tudo você vai sentir aquela sensação de alívio, e a melhor de todas a de querer mais. Tudo bem, o bilheteiro está te esperando para mais uma volta.




Aí você acorda, foi um sonho? Não sei, mas você ainda está na fila da montanha russa.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O maior erro de todo homem



Este texto fala de mulheres, traições, pássaros e conquistas. Contudo, começamos com uma cena diária. A tela está muito escura e o Antonio Fagundes parece uma ariranha. Ela, sua garota, não consegue ajustar o brilho no controle remoto. Você acode, nobilita o quanto ela é burra e larga o aparelho sofá. Ou você mostra o quanto é fácil manusear as configurações, dá um beijo na ponta do nariz e volta ao que estava fazendo.
Antes do "ou" (porque a vida é feita de vários "ous"), você tem uma mulher enfraquecida, o que - em tese - é um ponto a seu favor, visto que quanto mais insegura e frágil ela se tornar, menos chances tens de ser chutado feito cão sarnento. Parece bom esse esquema tático. Quanto menos ela se considera, mais você se acha. Depois do "ou" (repito, passe a enxergar mais os "ous"), ela é uma moça beijada no nariz que aprendeu uma coisa nova.

Não enrola, qual seu argumento? Uma menina me ensinou, certa feita: "eu gosto dele, mas gosto muito mais de mim quando estou perto dele". Acendeu-me uma lâmpada fluorescente na moleira clarificando o melhor caminho pra conquistar e manter uma mulher: fazê-la apaixonar por si mesma.

O maior erro de todo homem é enlaçar o ser feminino fazendo autópsia em suas virtudes umbilicais. A questão, mané, é que sempre existirá um cara mais charmoso, mais engraçado, mais bonito, mais rico e mais George Clooney que você. Seus predicados não passam de bons referenciais enquanto houver calor. Mulheres são pássaros, migram pro lado quente da vida, se alimentam de relacionamentos interpessoais, comunicação, parceria. Ao contrário de você, que é capaz de levar o iPhone pra fazer xixi na rua.
Então, bobão, pergunto: qual a única pessoa que uma mulher jamais vai querer se distanciar? Ela mesma. Enquanto ela amar-se, suspirar de auto paixão, enquanto ela for sua própria namorada lésbica, e você apimentar essa condição, ponto pra você. Ela gosta de você porque a faz sentir-se irresistível perante às amigas, porque juras que ela é capacitada e importante na profissão que escolheu, daria uma boa mãe, tem cheiro de alecrim doce e uns pés lindos, é a melhor transa da sua vida e fica um charme de casaquinho canguru, all star e rabo-de-cavalo.

Toda mulher sente-se feita de ouro quando é acariciada todos os dias, seja com a mão, com palavras, atitudes, telefonemas e penetrações. Onde houver sol, lá estará ela, parada, sorrindo pra você, deixando você assisti-la tomar banho. Entendo sua aflição a cada linha que se recolhe no texto e a improbabilidade de uma elucidação oraculosa. Aí que tá. Sei como é, só não sei como fazer. Não são as perguntas que chacoalham o mundo? Mexa-se daí, enquanto mexo-me daqui.

Retirado do blog www.carascomoeu.com.br



sábado, 16 de outubro de 2010

Meu eu em você.



Essa não poderia deixar de estar aqui.
Em homenagem há tudo que um dia me fez sorrisos, virou lição e que hoje é lembrança.


"Eu sou o brilho dos teus olhos ao me olhar
Sou o teu sorriso ao ganhar um beijo meu
Eu sou teu corpo inteiro a se arrepiar
Quando em meus braços você se acolheu.

Eu sou o teu segredo mais oculto
Teu desejo mais profundo, o teu querer
Tua fome de prazer, sem disfarçar
Sou a tua fonte de alegria, sou o teu sonhar.

Eu sou a tua sombra, eu sou teu guia
Sou o teu luar em plena luz do dia
Sou tua pele, proteção, sou teu claro
Eu sou o teu cheiro a perfumar o nosso amor.

Eu sou a tua saudade reprimida
Sou o teu sangrar ao ver minha perdida
Sou o teu peito a apelar, gritar de dor
Ao se ver ainda mais distante do meu amor.

Sou teu ego, tua alma
Sou teu céu, o teu inferno, a tua calma
Eu sou teu tudo, sou teu nada
Minha pequena, és minha amada.

Eu sou o teu mundo, sou teu poder
Sou tua vida, sou meu eu em você."

Victor e Léo

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Crônica...



" Quando eu for bem velhinha, espero receber a graça de, num dia de domingo, me sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de vinho do Porto, dizer a minha neta:
- Querida, venha cá. Feche a porta com cuidado sente-se aqui do meu lado.
Tenho umas coisas para te contar. E assim, dizer apontando o indicador para o alto:
- O nome disso não é conselho, isso se chama colaboração! Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas conclusões. E agora, do alto dos meus 82 anos, com os ossos frágeis, a pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta, saudável e forte.
Por isso, vou colocar mais ou menos assim:
- É preciso coragem para ser feliz.
Seja valente. Siga sempre o seu coração. Para onde ele for, seu sangue, suas veias e seus olhos também irão. E satisfaça seus desejos. Esse é seu direito e obrigação. Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te fazer crescer, mas a escolha entre ser uma grande menina ou uma menina grande, vai depender só de você.
Tenha poucos e bons amigos.
Tenha filhos.
Tenha um jardim.
Aproveite sua casa, mas vá a Fernando de Noronha, Barcelona e à Austrália.
Cuide bem dos seus dentes.
Experimente, mude, corte os cabelos.
Ame para valer, mesmo que ele seja o carteiro.
Não corra o risco de envelhecer dizendo "ah, se eu tivesse feito...".
Tenha uma vida rica de vida.
Vai que o carteiro ganha na loteria! - tudo é possível, e o futuro, tsc, é imprevisível.
Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela.
Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir fazer amor.
E tome sempre conta da sua reputação, ela é um bem inestimável. Porque sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance, elas inventam também detalhes desnecessários.
Se for se casar, faça por amor. Não faça por segurança, carinho ou status.
A sabedoria convencional recomenda que você se case com alguém parecido com você, mas isso pode ser um saco! Prefira a recomendação da natureza, que com a justificativa de otimizar os genes da reprodução, sugere que procure alguém diferente de você. Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e desconfie da visão. É o seu nariz quem diz a verdade quando o assunto é paixão.
Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e do armário, seus instrumentos de criação.
Leia, pinte, desenhe, escreva.
E, por favor, dance, dance, dance até o fim, senão por você, o faça por mim.
Compreenda seus pais. Eles te amam para além da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam, e sempre o farão.
Cultive os bons amigos. Eles são a natureza ao nosso favor e uma das formas mais raras de amor.
Não cultive as mágoas - porque se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinza.
Era isso minha querida. Agora é a sua vez.
Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte:
- "Como vai você?"


Maria Sanz Martins

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Depois do começo.. um sorriso no fim!





"e depois do começo, o que vier vai começar a ser o fim.."


Foi a frase que me chamou a atenção hoje, foi a frase que resumiu o que eu tentava dizer.
É uma música do Legião, que leva o título de "Depois do Começo", e que deu título a estas palavras.
São tantas coisas pra resolver, tantas vezes que eu terei de parar e respirar pra criar coragem e seguir em frente. 
Mas e depois de tudo o que vem?
Quando a gente cresce tá mesmo em contagem progressiva ou regressiva? É um minuto a mais ou a menos?
Eu não sei. O tempo é a minha grande questão, a maior de todas.
O que eu tenho certeza é que vai ficar tudo bem. Tudo certo.
Ontem eu fraquejei, eu confesso. Chorei e pensei em desistir. Só queria um abraço, um alento. E não encontrava nada, me cobro tanto que acabo cobrando o mesmo dos outros.
E como prova da minha falsa descrença, o telefone tocou e me trouxe um abraço.
Ás vezes eu preciso ser cuidada, não tenho forças pra cuidar. Nem de mim, nem de ninguém.
Ontem foi um desses dias. Ontem foi um dia a menos, com certeza.
Hoje,porém, se tornou um dia a mais. E eu espero que os próximos também.
Talvez hajam dias a mais e a menos. Os dias que a gente subtrai, às vezes subtrai tanto que eles desaparecem. E os dias em que a gente, soma, melhor os dias que a gente multiplica.
Hoje é um dia de multiplicar, e por enquanto é isso que eu vou guardar.
Continuarei me cobrando, cobrando dos outros, e sofrendo por antecipação. Mas tudo bem, por que eu sei que sempre vai ter um sorriso lá no fim.





=)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Mundial de Clubes - Chamada do COLORADO



Impossível não se arrepiar!
É só para quem entende essa paixão enlouquecida.

"Inter, estaremos contigo! Tu és minha paixão, não importa o que digam!
Sempre levarei comigo, minha camisa vermelha e a cachaça na mão
O Gigante me espera para começar a FESTA!
Xailaiááá Xaialaiááááááá Xalaialaiááááááá
Você me deixa doidão!"

Você Tem Que Me Ler


É antropológico: mulher odeia ser mandada. São séculos e séculos de opressão. Não dê corda, que já cheira a forca. Vale, inclusive, para a masoquista. Gosta de firmeza, não que alguém diga o que ela deve ou não fazer. Não seja autoritário. O feminismo não é conversa de sapatão.

Que aconselhe, não emplaque uma ordem. Que ofereça um palpite, este é despretensioso como um assobio, é soprar uma melodia e permitir espaço para que ela complete a letra. Finja que está no chuveiro – menor o risco de se afogar. Fale cantado. Quem canta nunca será um ditador.

Posso estar plenamente equivocado, sou tão bonito quanto carro de eletricista, mas mulher aprecia é sentir saudade. Quando o homem desaparece e ela corre para procurá-lo. São coisas do cotidiano. Fui percebendo que a conversa com a minha namorada estragava sempre do mesmo jeito. Havia um método no erro. Uma insistência de minha parte. Uma frase morse que truncava o entendimento. Depois que pronunciava aquilo, nada mais funcionava. Da calmaria, ela migrava para um estado nervoso e impaciente. A transformação de sua atitude me baqueava: O que foi? Será que perdi algo? Retrocedia para caçar uma gafe. Cansei até captar o sinal. O homem ainda tenta melhorar sua imagem com o bombril na antena.

Eu dizia “você tem que” a cada início de diálogo. Impositivo, não agia por mal, era um hábito, buscava convencer com “você tem que”. Parecia que tinha a solução dos problemas do mundo. Persuasão é a sedução para quem não tem paciência. Meu caso; não cuidava da linguagem e depois estranhava o silêncio dela. “Você tem que” é um mandado de segurança. É atestar que ela não desfruta de condições de conduzir a própria vida. Virava um segundo pai, determinando suas atitudes. Fugia da cumplicidade, vinha com os mandamentos e as condicionais de comportamento para que merecesse a mesada.

O homem não botou na cabeça que a fragilidade da mulher não é dependência. Ela não precisa ser protegida, e sim respeitada. Existe uma diferença aguda no tratamento. Depois que ela fica braba não adianta remendar. Emerge um pânico das cavernas, o receio de ser puxada pelos cabelos e pelas palavras. Igual é chamá-la de louca no meio de uma discussão.

Quem não encheu o pulmão para desabafar “você está louca!”, com aquele grito catártico, que serve como elevador para todo o prédio? Eu confesso, mais de uma vez. É novamente afirmar que ela não tem domínio, que nem sabe o que está falando e menosprezar sua opinião. Pode até ser louca, mas não chame de louca, senão ela não vai recuperar o juízo. Na história do pensamento, quantas mulheres foram enviadas para o hospício devido a sua autonomia? Quantas receberam eletrochoque ou sofreram lobotomia em função da independência de estilo? Significa um joanete ancestral, um calo antiguíssimo, não pise.

Joana D’Arc não foi uma bruxa. Assim como vassoura não é para voar, é para varrer qualquer sujeira machista dentro de casa.


Texto de Fabrício Carpinejar publicado no Jornal Zero Hora.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Destralhamento



"Bom dia, como tá a alegria"?

Diz dona Francisca, minha faxineira rezadeira, que acaba de chegar.
”Antes de dar uma benzida na casa, deixa eu te dar um abraço que preste!" e ela me apertou.
Na matemática de dona Francisca, "quatro abraços por dia dão para sobreviver; oito ajudam a nos manter vivos, 12 fazem a vida prosperar".

Falando nisso, "vida nenhuma prospera se estiver pesada e intoxicada". Já ouviu falar em toxinas da casa?

São os objetos que você não usa, roupas que você não gosta ou não usa há um ano, coisas feias, coisas quebradas, lascadas ou rachadas, velhas cartas, bilhetes, plantas mortas ou doentes, recibos/jornais/revistas antigos, remédios vencidos, meias velhas, furadas, sapatos estragados.

Ufa, que peso!

"O que está fora está dentro e isso afeta a saúde", aprendi com dona Francisca.

"Saúde é o que interessa. O resto não tem pressa!”, ela diz, enquanto me ajuda a 'destralhar', ou liberar as tralhas da casa. O 'destralhamento' é a forma mais rápida de transformar a vida e ajuda as outras eventuais terapias.

Com o destralhamento a saúde melhora, a criatividade cresce e os relacionamentos se aprimoram.

É comum se sentir cansado, deprimido e desanimado em um ambiente cheio de entulho, pois "existem fios invisíveis que nos ligam a tudo aquilo que possuímos". Outros possíveis efeitos do "acúmulo e da bagunça" são sentir-se desorganizado, fracassado, limitado, aumento de peso, apegado ao passado...

No porão e no sótão, as tralhas viram sobrecargas. Na entrada, restringem o fluxo da vida. Empilhadas no chão, nos puxam para baixo. Acima de nós, são dores de cabeça.

“Sob a cama, poluem o sono”.

"Oito horas, para trabalhar; Oito horas, para descansar; Oito horas, para se cuidar."

Perguntinhas úteis na hora de destralhar-se:

- Por que estou guardando isso?

- Será que tem a ver comigo hoje?

- O que vou sentir ao liberar isto?

E vá fazendo pilhas separadas para doar, para jogar fora. Para destralhar mais: livre-se de barulhos, das luzes fortes, das cores berrantes, dos odores químicos, dos revestimentos sintéticos, e também libere mágoas, pare de fumar, diminua o uso da carne, termine projetos inacabados.

"Se deixas sair o que está em ti, o que deixas sair te salvará... Se não deixas sair o que está em ti, o que não deixas sair te destruirá", arremata o mestre Jesus, no evangelho de Tomé. "Acumular nos dá a sensação de permanência, apesar de a vida ser impermanente", diz a sabedoria oriental.

O Ocidente resiste a essa idéia e, assim, perde contato com o sagrado instante presente. Dona Francisca me conta que: "As frutas nascem azedas e no pé, vão ficando docinhas com o tempo". A gente deveria de ser assim, ela diz: "Destralhar ajuda a adocicar”. Se os sábios concordam, quem sou eu para discordar.

"As pessoas realmente ligadas não precisam de ligação física. Quando se encontram, ou reencontram, mesmo depois de muitos anos, a amizade é tão forte quanto sempre".

(Deng Ming-Dao )


Extraído do Orkut de Wilson Pedro (Pe Wilson)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Por Sorte


Estou escutando "Chão de Giz" e me deu vontade de agradecer, de falar de tudo que é bom. Perco muito tempo enumerando tudo que deu errado e tudo que eu não queria que fosse.
As vezes, e algumas pessoas diriam quase sempre, eu sou muito chata e exigente. Me perco nos detalhes pequenos e esqueço do que é muito maior.
Como eu já disse sou egoísta.
Mas tudo bem, por que eu sempre tive muita sorte na vida.
Nasci na sorte, sou a 7ª filha de uma mãe que eu não conheço. Depois disso, tive mais sorte ainda, não fui para um abrigo.
Sabe-se lá por que a minha mãe pegou um fusca e veio me encontrar, o que importa é que ela disse que eu a reconheci na hora em que ela me pegou no colo, e ela encontrou o que procurou por vidas. Depois disso ela me perdeu no fusca, e me derrubou na cama, me deixou muito tempo com o xampoo mata-piolho, e por aí vão as histórias. Mãe de primeira viagem, e a minha mãe por sorte.
A minha tia esqueceu o meu nome quando o juiz pediu, e por sorte eu me chamei Bibiana. Por sorte e por Érico Veríssimo, só depois que eu entendi a força do nome Bibiana Terra.
Eu podia estar em qualquer lugar, mas por sorte eu recebi uma família que me criou com todo o amor que é possível. Eu fui embora de casa algumas vezes, cheguei a rodoviária com algumas moedas tentando chegar no México talvez, mas eles sempre me perdoaram e me trouxeram de volta. Eles me seguiam pra ver até onde eu ia. E eu também levei a culpa por ter matado uma barbie da minha prima. Há alguns anos atrás, a minha outra prima confessou o crime. Mesmo assim, por sorte eles são a minha herança.
Eu tive bronquite, sinusite, amigdalite, dor de dente, furúnculo no ouvido, quebrei o braço, torci o pé e minha mãe esmagou um marimbondo nas minhas costas. Enfiei o dedo em um cano de piscina, um cisco caiu no meu olho e eu fiquei sem enxergar dois dias. Mas, por sorte, cresci forte e saudável. Nunca tive nada que não se curasse com chazinhos de mãe feitos pela tia da escola, e por sorte a minha saúde ainda é uma boa companheira.
Eu sou distraída, esqueço do que não me preocupa, tenho muita preguiça, confesso a minha desorganização, e por outro lado tomo cuidado com o TOC (as minhas músicas estão salvas em ordem alfabético conforme o artista). Mas, por sorte sempre fui inteligente e aprendo rápido, sou esperta quando quero. Por sorte, a minha intuição sempre esteve certa. Não decidi que fosse assim no meu último ano de colégio, mas aconteceu o que tinha de acontecer, e por sorte eu ganhei uma bolsa pra cursar o que eu sempre quis.
Já menti, trai segredos e confiança. Briguei tanto com a minha melhor amiga que fomos levadas para a diretoria da escola, perdi o meu "minguinho" na 6ª série, quando ela foi embora. Já abandonei tantas pessoas no meio do caminho, a maioria por egoísmo, o resto pq assim tinha de ser. Mas, por sorte, tenho poucas pessoas que eu sei que vão comigo pra sempre e em qualquer lugar, são as minhas almas gêmeas. Sim, por sorte eu encontrei as minhas. Tenho tantos amigos que nem sei como contar, eles riem, brigam, dançam, fazem festa, gritam, me chamam de "animal", falam o dia todo comigo no msn, dividem a vida, e choram, e seguram a minha cabeça erguida sempre. Por sorte.
Eu já tive um amor platônico pelo meu vizinho da frente, que nem sabia que eu existia. Já passei as noites imaginando como seria o meu primeiro beijo e depois a minha primeira vez. Já quis muitas pessoas, me apaixonei tantas vezes. Criei contos de fada na minha cabeça, com histórias de Mirc, de MSN, de Orkut. Já beijei tantas vezes sem saber o nome, fiz sexo sem amor e com culpa também, já encontrei a decepção. Vivi um amor doente, sofri demais, abaixei a cabeça e me perdi, perdi muita coisa com esse amor achando que era assim que tinha que ser, chorei tanto tempo que meu coração ficou marcado pra sempre. Ainda prefiro não falar sobre ele. Mas, por sorte, encontrei toda a calma da minha vida em uma pessoa, que me fez sentir em meses o que eu acreditava que se levariam anos para construir. Entendi o que era perdão, amor, certeza, redenção e plenitude quando abri o meu coração de verdade. A gente não tem quase nada em comum, e não se apaixonou a primeira vista.. nem de perto. Por sorte, nos reconhecemos e nos descobrimos.
Gritei com a minha mãe, desejei que alguém morresse, fiz sexo sem camisinha, pensei em me matar, roubei o amor de alguém, fumei maconha, roubei dinheiro da bolsa da minha mãe, troquei quem me amava por nada, tomei um porre e perdi a vergonha, fiz fofoca, devo ter feito alguém chorar e sofrer, menti descaradamente e manupulei, desdenhei, fiz birra e muitas escolhas erradas. Nunca fui uma delinqüente juvenil ou depravada, pelo contrário, sempre fui a melhor filha, aluna, amiga, namorada e pessoa que eu pude ser. Mesmo assim, a perfeição só pode ser vista por quem entende que ela não pode ser tocada. Apesar de ser uma pessoa boa, errei muitas vezes. Mas, por sorte, tive sempre uma segunda chance, e consegui amadurecer antes que o pior acontecesse. Tenho a vida que eu sempre quis, a liberdade e o amor que desejei, e uma coragem enorme pra lutar por tudo que ainda está por vir. Ano que vem estou formada e desempregada, tenho R$ 3 na carteira até o final do mês. Mas sou amada e amo tanto, e com tanta beleza que às vezes me falta o ar. Sorte.
Não tenho religião, e quase não vou a nenhuma Igreja, Centro ou qualquer lugar de espiritualidade. Rezo quando eu lembro de rezar, apesar de ter um terço pendurado na minha escrivaninha. Mas, por sorte, Deus conversa comigo sempre, e eu sinto as asas do meu anjo sobre mim sempre que eu chamo por ele. Sempre que tive sorte consegui ver o rosto de Deus em muitos lugares e em muitas pessoas.
Pode não ser sorte, pode ser destino, carma ou qual for o outro nome que as pessoas inventarem. Por mim, tudo bem, acho que não faz diferença. Por via das dúvidas, nasci ariana, meu número da sorte é o 7, número divino, meu ascendente é áries e, por sorte, eu tenho só 21 anos.

Namorar


Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, levanta os braços,sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também".

No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração "tribalista" se dirigem aos consultórios terapeuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.

A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animada ssimas é legal? Evidente que sim. Mas por que reclamam depois? Será que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, onde "toda ação tem uma reação".

Agir como tribalista tem consequências, boas e ruins, como tudo na vida. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém.

Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair muitas vezes com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra,etc, etc, etc. Embora já saibam namorar, "os tribalistas" não namoram.

Ficar, também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é "namorix". A pessoa pode ter um,dois e até três namorix ao mesmo tempo. Dificilmente esté apaixonada por seus namorix, mas gosta da companhia do outro e de manter a ilusão de que não está sozinho. Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada. Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu, afinal, não estão namorando.

Aliás, quando foi que se estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança? A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim como se deseja "a cereja do bolo tribal", enxerga somente o lado negativo das relações mais sólidas.

Desconhece a delí cia de assistir um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçados,roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor.

Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer bom dia, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter"alguém para amar".

Já dizia o poeta que "amar se aprende amando" e se seguirmos seu raciocínio, esbarraremos na lição que nos foi passada nas décadas passadas: relação é sinônimo de desilusão. O número avassalador de divórcios nos últimos tempos, só veio a confirmar essa tese e aqueles que se divorciaram (pais e mães dos adeptos do tribalismo), vendem na maioria das vezes a idéia de que casar é um péssimo negócio e que uma relação sólida é sinônimo de frustrações futuras. Talvez seja por isso que pronunciar a palavra "namoro" traga tanto medo e rejeição.

No entanto, vivemos em uma época muito diferente daquela em que nossos pais viveram.

Hoje podemos optar com maior liberdade e não somos mais obrigados a"comer sal junto até morrer".

Não se trata de responsabilizar pais e mães, ou atribuir um significado latente aos acontecimentos vividos e assimilados na infância, pois somos responsáveis por nossas escolhas, assim como o que fazemos com as licões que nos chegam. A questão não é causal, mas quem sabe correlacional.

Podemos aprender a amar se relacionando.

Trocando experiências,afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para optarmos.

E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém.

É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É doar e receber, é estar disponí vel de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer.

É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins.

Ser de todo mundo, não ser de ninguém, e ao mesmo que não ter ninguém também... e não ser livre para trocar e crescer...

É estar fadado ao fracasso emocional e a tão temida solidão.



Por Arnaldo Jabor


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Lá veem o Chaves, Chaves, Chaves..!


Que bonita a sua roupa,
Que roupinha mucho louca,
Nela é tudo remendado,
Não vale nenhum centavo,
Mas agrada a quem olhar!



Lembranças..

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Possuída



Tirei um tempo para vir até aqui, daqui a 1 hora já tenho orientação.
Tenho andado tão ocupada nos últimos tempos, que quase não tenho visto o mundo.
Talvez por isso me surpreendi tanto com tudo. Pra mim essa sensação é normal, estou sempre surpresa.
Sabe aquela sensação de que as pessoas falam, o 'amortecimento'?
Não sentir mais, não se emocionar, não se surpreender. Acho que nunca vou sentir isso, pois sempre me surpreendo.
Passo uma boa parte dos meus dias de olhos bem fechados, não sei se é uma escolha. Só sei que não me preocupo mais com isso.
Tenho mudado tanto, em tão pouco. Ontem mesmo cheguei a conclusão de que posso estar possuída, talvez até procure um centro espírita. Tenho a sensação de que existe mais alguém aqui dentro, aliás estou sentindo que existe muita gente aqui dentro.
Tenho mudado de opinião rapidamente, comecei a dar sermões de certo e errado, juntei todas as responsabilidades e coloquei na mochila atrás da minhas costas, limpei toda a casa, lavei toda a roupa suja, não tenho parado para chorar, me cansei de gente indecisa e ando deixando de achar graça nas desgraças alheias.
Comecei a me identificar com a minha mãe, prestei mais atenção no que estava fazendo, me dei conta de que estava selecionando as pessoas para as quais contava segredos, voltei pra minha família, para os meus antigos amigos mandei um e-mail, me chamo de lar agora e não vejo mais nenhum problema em voltar atrás.
Não gosto mais de gastar em coisas que eu não vejo dando resultados, quero um compromisso e não uma relação, perdi a insegurança, estou me achando realmente bonita.
Mesmo sem tempo, ainda tenho medo do que vai acontecer com o meu futuro, queria que a minha mãe me fizesse um chazinho pra febre, assisti um filme de terror e fui dormir ela há alguns dias atrás, mando corações e recadinhos pro meu namorado, corremos da chuva enquanto eu segurava um saco de Doritos no domigo passado. Eu penso em casar de vestido branco com ele.
Ainda não sei qual dos tantos espíritos que estão em mim será o que eu vou pedir pra continuar, não decidi tudo que eu quero ser.
Sinto o quanto a minha vida tá mudando, de todas as escolhas que eu tô fazendo, mas no fundo, bem lá no fundinho, eu ainda queria uma noite do pijama com um concurso de dança, e um troféu feito de rolo de papel higiênico.
Mas também quero muito subir naquele palco dia 21 de janeiro, com a minha toga e dedicar o meu diploma a minha mãe. Também quero ser mãe, e esposa, e namorada, e jornalista, e feliz, e mulher.
Quero ser tudo. Então acho que não vou procurar centro nenhum, vou é tentar conviver com todos estes 'outros' que vivem dentro de mim. Porque apesar de tudo, ainda mantenho a ingenuidade quando necessário e a maldade o resto do tempo, mas mesmo assim me surpreendo com todas as obviedades da vida. Devo ser uma criança de salto alto.
Já dizia Humberto Gessinger: "ei mãe, e por mais que a gente cresça.. tem sempre alguma coisa que a gente não consegue entender".

domingo, 5 de setembro de 2010

Não é Amor



“I love the way you lie.”

Ela se viu ali naquela tela.

Ela viu ele também.

Quantas vezes você precisa passar por isso para aprender?

O quanto você ainda quer sofrer?

Era o que todos perguntavam.

Ela nem escutava, só o que ela conseguia ouvir era o coração. O quanto ele batia quando ela pensava nele, o quanto ele queria sair do peito e encontrar o dele.

O corpo chamava, era o cheiro, a voz, o mundo.

Ela não sabia.

Era só a paixão, de um jeito que ela nunca havia visto em lugar nenhum.

De um jeito que ela sabia que não ia sentir novamente.

Ele sentia o mesmo?

“Eu larguei tudo por você. E eu sei que isso vai ser pra sempre, não importa quanto tempo passe, você ainda vai ser minha.”

Parecia uma sina, seria um tipo de praga cigana?

Ela não conseguia se desvincilhar. A vontade era de chorar, gritar, bater nele, morder, abraçar.. amar.

Vontade do beijo de um jeito que sugava a alma, do corpo sem sentido, dos movimentos rápidos e ao mesmo tempo lentos e em harmonia, perdidos no tempo.

E quando eles brigavam? A energia criada poderia movimentar o mundo.

E quando ela chorava, era mais um sonho que se ia a cada lágrima.

Amor?

Nunca foi.

Paixão?

Sempre. E pra sempre.

O olhar se encontrava em cada passo, a voz era uma badalada de meia-noite. De tão ressoante, tão marcante. Ela sentia os braços dele na sua cintura, no seu peito.. as mão que acariciavam e sufocavam ao mesmo tempo.

Não existi conversa, apenas gritos. Não existia carinho, apenas o toque.

Eles não faziam amor, eles faziam a vida acontecer. O mundo emudecer com os gritos da pele. A pele secar com o suor, com a língua em um desenho perfeito.

Eles se perdiam dentro de si.

Eles nunca seriam felizes. Apenas fadados a um carma que não teria fim.

O dia em que ela disse “não”. O mundo acreditou que seria o fim. Menos os dois.

Eles sabiam que jamais acabaria. Um ciclo vicioso, de ódio e necessidade.

Nem todo o silêncio, nem a vida nova, nem todo o amor do mundo apaga as batidas do coração.

Eles se reconhecem em um só olhar. Eles se marcam em apenas um toque.

Ninguém entenderia. Apenas aqueles que padecem da mesma doença.

Ela não é idiota, sabe reconhecer o amor de verdade. Aquele que ela implorou a Deus em cada noite sem dormir, a cada grito contido na garganta durante eternas madrugadas.

Ela jamais iria desperdiçar tamanha beleza, nunca fecharia a porta para o sagrado que a vida lhe oferece. Por isso, ela continua ali parada, olhando pra ele enquanto sabe que tudo isso passa pela cabeça dele. Nesses breves dois segundos, em que os dois estão sozinhos do mundo.

Então a boca abre e fecha, e a dele também. A realidade aparece, e tudo volta a girar.

Ela volta pra vida, como se nada tivesse acontecido. E ele também, se vira e segue o caminho.

Mas o coração.. ah esse reconhece o outro, e por segundos bate como se tudo fosse terminar.. e depois volta ao seu compasso normal.

Afinal não é amor.

“That's alright, because I love the way you lie.”

sábado, 21 de agosto de 2010

E pior é pensar que isso um dia vai cicatrizar


Enquanto eu sorrir ainda posso esquecer.
Eu não esperava isso, nem de longe. Eu tomei um susto.
Eu gritei sim. Alguém podia me culpar por isso?
Eu precisava gritar, eu precisava correr. Sentir que não era comigo, não de novo.
Talvez eu sempre faça a coisa errada, me disse o Capital.
Eu pensei tanto que acho que não decidi nada. Eu entendo. Eu te entendo.
Eu sei perfeitamente o que aconteceu. Eu te entendo, mas eu não posso perdoar.
Talvez daqui a algum tempo, afinal eu já perdoei tanto.
Perdoei pensando que mudaria, que encontraria e que seria diferente. Descobri que não, que a vida é realmente um moinho, que as mesmas águas movem as mesmas rodas, que temos que passar diversas vezes pelas mesmas coisas, É por isso que serve a memória, para fazermos a coisa certa.
Foi isso que eu te disse. E você me disse que errou, e eu acredito. Você sabe que errou e eu acredito.
Acredito também no compromisso, na responsabilidade de se comprometer. No trabalho que o amor dá, e em tudo que ele pede em troca, tudo que ele exige.
Eu também te disse isso, você disse que queria aprender isso. E que até já tinha começado a aprender. Talvez no momento em que eu derramei a primeira lágrima.
Deixa eu ser egoísta? É o meu direito.
Eu disse que para os outros não fazia diferença, era a minha vida que ia mudar, era a minha vida que estava exposta ali. Você chorou.
Não adianta, esta feito, esta escrito, esta guardado, esta lembrado. E provavelmente não vai sair tão cedo assim de mim. A culpa não é só sua, e da minha vida. Dos caminhos que eu escolhi e que me trouxeram até aqui.
Por enquanto, enquanto eu ainda não sei o que vai ser de mim, eu quero o tempo. O mesmo tempo que me machucou tanto, também cura... graças a Deus.

Por trás das palavras, da raiva de tudo
Sorri pra tentar chegar em você
Foi como fugir pra nos proteger
Enquanto eu sorrir ainda posso esquecer
Porque

Quem vai te abraçar?
Me fala quem vai te socorrer
Quando chover e acabar a luz
Pra quem você vai correr?
E quem vai me levar
Entre as estrelas, quem vai fazer
Toda manhã me cobrir de luz?
Quem, além de você?

Leoni - Quem Além de Você