domingo, 5 de setembro de 2010

Não é Amor



“I love the way you lie.”

Ela se viu ali naquela tela.

Ela viu ele também.

Quantas vezes você precisa passar por isso para aprender?

O quanto você ainda quer sofrer?

Era o que todos perguntavam.

Ela nem escutava, só o que ela conseguia ouvir era o coração. O quanto ele batia quando ela pensava nele, o quanto ele queria sair do peito e encontrar o dele.

O corpo chamava, era o cheiro, a voz, o mundo.

Ela não sabia.

Era só a paixão, de um jeito que ela nunca havia visto em lugar nenhum.

De um jeito que ela sabia que não ia sentir novamente.

Ele sentia o mesmo?

“Eu larguei tudo por você. E eu sei que isso vai ser pra sempre, não importa quanto tempo passe, você ainda vai ser minha.”

Parecia uma sina, seria um tipo de praga cigana?

Ela não conseguia se desvincilhar. A vontade era de chorar, gritar, bater nele, morder, abraçar.. amar.

Vontade do beijo de um jeito que sugava a alma, do corpo sem sentido, dos movimentos rápidos e ao mesmo tempo lentos e em harmonia, perdidos no tempo.

E quando eles brigavam? A energia criada poderia movimentar o mundo.

E quando ela chorava, era mais um sonho que se ia a cada lágrima.

Amor?

Nunca foi.

Paixão?

Sempre. E pra sempre.

O olhar se encontrava em cada passo, a voz era uma badalada de meia-noite. De tão ressoante, tão marcante. Ela sentia os braços dele na sua cintura, no seu peito.. as mão que acariciavam e sufocavam ao mesmo tempo.

Não existi conversa, apenas gritos. Não existia carinho, apenas o toque.

Eles não faziam amor, eles faziam a vida acontecer. O mundo emudecer com os gritos da pele. A pele secar com o suor, com a língua em um desenho perfeito.

Eles se perdiam dentro de si.

Eles nunca seriam felizes. Apenas fadados a um carma que não teria fim.

O dia em que ela disse “não”. O mundo acreditou que seria o fim. Menos os dois.

Eles sabiam que jamais acabaria. Um ciclo vicioso, de ódio e necessidade.

Nem todo o silêncio, nem a vida nova, nem todo o amor do mundo apaga as batidas do coração.

Eles se reconhecem em um só olhar. Eles se marcam em apenas um toque.

Ninguém entenderia. Apenas aqueles que padecem da mesma doença.

Ela não é idiota, sabe reconhecer o amor de verdade. Aquele que ela implorou a Deus em cada noite sem dormir, a cada grito contido na garganta durante eternas madrugadas.

Ela jamais iria desperdiçar tamanha beleza, nunca fecharia a porta para o sagrado que a vida lhe oferece. Por isso, ela continua ali parada, olhando pra ele enquanto sabe que tudo isso passa pela cabeça dele. Nesses breves dois segundos, em que os dois estão sozinhos do mundo.

Então a boca abre e fecha, e a dele também. A realidade aparece, e tudo volta a girar.

Ela volta pra vida, como se nada tivesse acontecido. E ele também, se vira e segue o caminho.

Mas o coração.. ah esse reconhece o outro, e por segundos bate como se tudo fosse terminar.. e depois volta ao seu compasso normal.

Afinal não é amor.

“That's alright, because I love the way you lie.”

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